Quatro pães
franceses, 100 gramas de pão de queijo e um pacote de pão de forma integral sem
casca... Acho que 30 reais dá. Peguei o dinheiro e fui até a padaria. Minha
mulher já tinha reclamado umas mil vezes que estava morrendo de fome. Entrei no
elevador, repetindo a lista de compras para não esquecer nada, ou Maria teria
um surto.
Ando mais dois
quarteirões e chego à padaria. Enquanto namorava o maravilhoso bolo da vitrine,
escuto uma voz mal-humorada perguntar:
- Você vai
querer alguma coisa?
Repito a
lista de Maria para a moça, que me entrega uma parte do pedido e, sem a menor
boa vontade, me manda procurar o resto no mercado ao lado. Agradeço a
“simpatia”, pago e vou ao mercadinho.
O que faltava?
Ah, o pão de forma! Procuro por duas horas até achar o tal pão especial e me
dirijo ao caixa.
Com um nada
de troco e mãos ocupadas de sacolas, sigo caminhando para minha casa. Vou até a
faixa de pedestres, olho para ambos os lados: nenhum carro a vista. Já estava
no meio da rua, quando um FIAT, a toda velocidade, quase me atropela. Deixo
cair a sacolinha do pão de queijo, que é amassada pela roda do carro. Ótimo!
Era tudo que eu precisava! Levar bronca da minha mulher!Para
completar, o motorista ainda buzina!
Peguei a sacola, que um dia teve deliciosos pães de queijo, jogo no lixo
e continuo a caminhar, mas não sem soltar algumas palavras nada lisonjeiras
para o motorista daquele maldito carro. Como assim ele se acha no direito de
buzinar? Estou na faixa de pedestre, de PEDESTRE! Eu tenho preferência!!!
Já
totalmente estressado, chego em casa e ponho as compras (ou o que restou delas)
em cima da mesa. Maria vê, e já abrindo as sacolas diz:
-
Isso sim é um café da manhã divino! Mas espera, cadê o pão de queijo?
Sem nenhuma paciência, respondo:
-
Evaporaram! Mas você já viu a nova decoração das ruas? Umas faixas brancas bem chamativas...
Texto de Julia Negreiros